A distorção não é exclusividade pernambucana. Por isso, a Associação da Indústria Farmacêutica e Pesquisa (Interfarma) iniciou um movimento para alertar sobre a carga tributária no setor farmacêutico que, não por acaso, é a mais pesada do mundo. O presidente-executivo da entidade, o ex-governador do Rio Grande do Sul Antônio Britto, reforça que os governos no País arrecadam em impostos sobre medicamentos quase o dobro do que gastam com a compra deles, que poderiam chegar mais baratos ou como parte do tratamento das doenças. ?Não faz sentido. O normal é recolher de outros produtos e aplicar na saúde, não o contrário?, reforça Paulo Bernardo, diretor da entidade.
Ao contrário da maioria dos países, no Brasil, mais de 70% dos remédios são comprados exclusivamente pela população. As compras públicas, ainda que crescentes, estão na faixa dos 20%. Os planos de saúde privados, embora beneficiem quase 50 milhões de pessoas, ?salvo raríssimas exceções? não incluem medicamentos. ?O resultado é simples e preocupante: ou os brasileiros possuem renda ou ficam sem medicamentos?, alerta Britto no livro Tributos e Medicamentos, lançado esta semana. O Estado tem papel importante sobre o setor. O exemplo é o Programa Farmácia Popular. Depois que remédios para hipertensão, diabetes e asma passaram a ser gratuitos, a procura cresceu 204% em um ano, salienta Britto.