O setor farmacêutico está diversificando o portfólio para continuar crescendo. Fabricantes apostam em Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) e genéricos em um momento de retração do consumo e volatilidade cambial.
“Estamos diversificando para crescer. Entramos no mercado de genéricos e estamos indo bem, dentro das dificuldades do cenário”, afirma o vice-presidente comercial da Biolab, Carlos Capelli. No 1º semestre, a empresa comprou a operação da Actavis Brasil, que pertencia a israelense Teva, maior fabricante de genéricos do mundo. “Nossa perspectiva é crescer 11% em 2018. E esse desempenho está mais ligado ao produto popular”, conta Capelli. A aquisição também significou uma expansão no portfólio de medicamentos para o sistema nervoso central.
O executivo admite que a atual instabilidade cambial é uma preocupação do setor, que importa a maior parte de sua matéria-prima. “Temos a vantagem de trabalhar com câmbio futuro, mas não sabemos até quando isso vai permitir manter a estabilidade. É difícil produzir matéria-prima no Brasil, mais de 90% é importado.”
De acordo com dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), a venda de medicamentos cresceu 8,08% no 1º semestre em relação ao igual período de 2017.
O principal segmento é o de MIPs, com 15,42% de aumento sobre o ano passado. “Esperávamos um crescimento melhor, há uma crise de confiança no Brasil e o consumidor está retraído”, declarou o presidente executivo da Abrafarma, Sergio Mena Barreto, em coletiva de imprensa. No início do ano, a entidade previa crescimento de 10%. “Acredito que vai melhorar até o final do ano.”
O presidente da Cimed, João Adibe, diz que a empresa cresce o dobro do mercado, também apostando em MIPS e genéricos. “A expectativa é um pouco maior do que ano passado, de chegar a 30% de crescimento. Até aqui, o objetivo foi cumprido.” Em 2017, a Cimed cresceu 25%. “Atuamos com genéricos e MIPs, a diversificação no varejo permite esse crescimento. Também trabalhamos com distribuição própria: atingimos pequeno, médio e grande varejista mais rapidamente”, explica. Recentemente, a Cimed anunciou a construção de uma nova fábrica em Pouso Alegre (MG). Serão investidos R$ 140 milhões na obra, prevista para começar em 2020. A produção será focada em medicamentos sólidos, como drágeas e efervescentes, principalmente para antidepressivos e antibióticos.
O vice-presidente do grupo NC, Marcus Sanchez, afirma que a empresa está com boa performance em todas as linhas de medicamentos. “Devemos fechar com expansão de 15% neste ano. Investimos em pesquisa e desenvolvendo e estamos nos aproximando das redes de farmácia.”
Porém, ele demonstra preocupação com a valorização do dólar e a carga tributária do setor. “A moeda influencia, está diretamente ligada ao custo do produto. Também é negativo ver encargos elevados para um bem de primeira necessidade, é preciso olhar para o setor da saúde e fazer algo a respeito.”
O diretor comercial da Sanofi, David Pinho, também aponta crescimento forte. “Todos os negócios estão dentro da expectativa, genéricos, prescrição, MIPs e vacinas. Há uma boa demanda de farmácias e hospitais”, ressalta.
Saúde bucal
O presidente da Sunstar Brasil, Luiz Tavares, destaca que a empresa, que atua no mercado de saúde bucal por meio da marca Gum, cresceu mais de 90% nos últimos três anos. “Apesar da greve dos caminhoneiros, estamos muito satisfeitos com nosso desempenho em 2018. Crescemos acima do setor farmacêutico.”
Tavares conta que a Gum atua em quatro linhas: adulta, infantil, ortodôntica e interdental (alternativas ao fio dental). “Nosso principal canal comercial é o farmacêutico. A seguir vêm os supermercados e distribuidores. Também fazemos um trabalho junto aos dentistas.” Ele explica que, para lidar com os efeitos da variação cambial, a empresa aposta em lançamentos constantes. “Minimizamos o impacto através do aumento da linha. A cada três meses trazemos alguma novidade.”
Fonte: Protec