Com um mercado mais resistente às oscilações econômicas, o setor farmacêutico ganha força este ano com a capitalização de empresas dedicadas à fabricação e distribuição de medicamentos em nichos especializados.
Prestes a receber um aporte de recursos por meio de uma oferta de ações na bolsa de valores, a Blau Farmacêutica se especializou no atendimento direto a hospitais, clínicas e órgãos públicos, em vez de atender ao varejo em geral. Entre os trunfos para atingir estes nichos está o desenvolvimento, por meio de marca própria, de medicamentos que vão dos injetáveis aos aplicados em alta complexidade.
“Nossos medicamentos são vendidos em hospitais e clínicas de todo o Brasil”, afirmou ao DCI o diretor-presidente da companhia, Marcelo Hahn, destacando que a empresa ingressou recentemente no mercado de dermocosméticos com a toxina botulínica, conhecida pela marca Botox. “O consumo da toxina é grande no Brasil. Desde o ano passado, os dentistas também estão autorizados a trabalhar com esses produtos estéticos”, afirmou.
Segundo informações da IMS Quintles, a Blau é a segunda maior empresa com capital nacional dentro da América Latina em termos de comercialização de insumos por alta tecnologia para o mercado não-varejo. As principais áreas terapêuticas do mercado de produtos hospitalares, onde a Blau está inserida, são infectologia, oncologia, hematologia e nefrologia.
“Trabalhamos basicamente com as moléculas existentes no mercado, mas também na pesquisa e no desenvolvimento”, acrescenta o executivo.
Em termos de inovação, ele reconhece as dificuldades existentes no Brasil, sobretudo pelos poucos centros de pesquisa. Segundo Hahn, a empresa investe cerca de 2,5% da receita líquida em pesquisa e desenvolvimento.
“Buscamos inovar em nossos produtos aqui no Brasil, mas somos obrigados a fazer estudos de compatibilidade fora do País, já que a estrutura por aqui é pequena e precária”, avaliou.
Além de usar os recursos obtidos com a abertura de capital para o aumento da capacidade produtiva, pesquisa e aquisições, a empresa mira a expansão na América Latina.
“Exportamos para muitos países e estamos com cinco subsidiárias, mas toda a produção fica no Brasil”, afirmou em relação aos mercados já em atividade (Colômbia e Uruguai) e em processo de abertura (Argentina, Chile e Peru).
Outra empresa que também atua no ramo de especialidades farmacêuticas de alta complexidade é o Grupo Biotoscana, que em julho deste ano arrecadou mais de R$ 1,3 bilhão em recursos com a abertura de capital na bolsa brasileira. A companhia atua diretamente com canais privados, como hospitais e clínicas, em medicamentos para doenças infecciosas ou raras, oncologia e oncohematologia, tratamentos especiais, imunologia e inflamações.
“Buscamos ter medicamentos de alto valor agregado no portfólio e operar em linhas terapêuticas estratégicas”, destacou durante teleconferência com analistas o vice-presidente executivo de desenvolvimento do Biotoscana, Renato De Giorgi. Para o Brasil, a empresa lançou no terceiro trimestre quatro novos produtos destinados às áreas de oncologia e neurologia.
Fonte: DCI