O descompasso entre faturamento e produção industrial diminuiu drasticamente neste ano. Para economistas ouvidos pelo Valor, essa é uma evidência de que o setor de transformação não tem mais conseguido compensar o baixo crescimento da atividade nas fábricas com a revenda de bens importados, como aconteceu nos últimos anos.
Nos 12 meses encerrados em abril deste ano, a produção da indústria de transformação aumentou 1%, enquanto o faturamento real do segmento subiu 1,9%. Até abril do ano passado, na mesma base de comparação, a atividade manufatureira havia subido 0,6%, contra uma alta de 3,5% do faturamento. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Para economistas, a menor distância entre o ritmo de produção e de vendas da indústria é resultado de uma cenário de fraqueza da demanda doméstica, que também dificulta o repasse do aumento de custo para os preços. A avaliação geral é que a indústria está em recessão e que dificilmente vai sair deste cenário no curto prazo, já que o governo não tem mais à disposição medidas que possam reverter esse quadro.
Para Julio Gomes de Almeida, professor da Unicamp, as empresas, principalmente as de grande porte, conseguiram se adaptar a um contexto de perda de competitividade da sua produção com aumento das vendas de produtos importados. "Agora que a demanda também perdeu força, essa deixou de ser uma alternativa para o setor manufatureiro."